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No fim dos anos sessenta comecei a frequentar a minha primeira biblioteca. A biblioteca itinerante nº 25 da Gulbenkian, que se fazia transportar numa carrinha igual à da primeira foto.
O ritual da espera pela biblioteca é ao mesmo tempo uma das mais saudosas e doridas recordações da minha infância e pré-adolescência.
O ritual da espera tinha para mim grandes emoções.
Viria o Sr. Grisalho bem ou mal disposto?
Deixar-me-ia ele levar os livros que eu queria ler?
Reconhecer-me-ia ele como a que podia levar sempre o número máximo de livros?
Estaria ele com disposição, como de outras vezes, de me ajudar a escolher os meus livros?
De me educar o gosto?
Ect.etc.
As obras lidas, foram as que ficaram expostas, e outras, como:
O corsário Negro, de Emílio Salgari. O Sandokan, do mesmo autor. A colecção dos Sete e dos Cinco, da Enyd Blyton.
As gémeas em Santa Clara. As mulherzinhas. O colégio das Quatro Torres.
As obras preferidas as que ficaram com capa fotografada e "A Maravilhosa Viagem de Nïls Holgerson através da Suécia" de Selma Lagerlöf.
Li muitas outras, mas não recordo.
Bem haja a quem teve a bendita ideia destas bibliotecas itinerantes.
Sem elas talvez não fosse a mulher que sou hoje.
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Desafio os comentaristas e os co-autores deste blogue a virem aqui relatar as suas experiências de leitura ou de biblioteca, dessa época.
23 comentários:
Para mim é difícil comentar, pois praticamente li os mesmo livros e ao mesmo tempo, mas tenho a certeza que não li as mulherzinhas, nem as gémeas em Santa Clara.
O quanto eu gostava dos livros da Enyd Blyton!
Falta aí dessa época, as aventuras de Tom Sawyer, e as Huckleberry Finn, mais o Flecha Negra e ainda o Oliver Twist, e muitos outros.
Lembras-te dos cadernos em que apontávamos os livros que lia-mos?
Tenho pena de se terem perdido, estes cadernos.
Nisto tudo, o que mais me impressiona, é ainda te lembrares do nº da biblioteca itenerante. Este nº 25 estava completamente barrido da minha memória.
Obrigado pelos recuerdos, e um beijo.
A edição do Oliver Twist, se não estou em erro, tinha o título, Oliveiros Twist.
Obrigada Armando. O post, também era um desafio para ti.
Um Bj.
Como é lógico, varrido, em vez de barrido.
Eu tenho esssa edição do livro Oliveiros Twist de Carles Dickens, numa edição de 1910 de Editores Lemos & Cª, Succ.or.
Começa assim:
I
Do logar onde nasceu Oliveiros Twist, e das circumstancias que acompanharam o seu nascimento.
Querida PM:
Tudo isso li também pois somos da mesma geração (eu era o David dos CINCO e o meu mano o JÚLIO).
Alguns da Condessa de Ségur, do Júlio Verne, os celebérrimos livros da Anita, a colecção "A aventura ..." da Enid Blyton também (do Gordo ou Frederico Justiniano, lembram-se?), a menina do mar da nossa Sophia, as minhas primeiras Enciclopédias da VERBO INFANTIL,as bandas desenhadas do TINTIM e do ASTÉRIX, do Ric Hochet, do Michel Vaillant, a Tempestade no Oeste, os Contos de Grimm, as Fábulas de La Fontaine...
e , o melhor dos melhores, "CORAÇÃO" de Edmundo de Amicis. Conhecem? Tenho comprado aos meus mil e um sobrinhos.
Marcou-me para a vida...
Recordaste-me mais meia dúzia deles. mas vou esperar pelo Gui e pelos outros, senão o que deixaremos para eles brilharem.
Por outro lado, o Gui é muito bem capaz de desancar já em meia dúzia das nossas leituras. lol
Meus:
Os da Formiguinha assim que aprendi a ler;
Todos os de histórias infantis do género Capuchinho, Branca de Neve, Gato das Botas, Hansel e Gretel, o Patinho Feio, Polegarzinho, Tocador de Flauta de Hamelin...
A colecção toda das Histórias Alegres da Colibri;
O incontornável Principezinho;
Anita... tenho todos... Actualizei até há bem pouco tempo...
Um aventura, os cinco, os sete, os imbatíveis, viagens no tempo;
Condessa de Ségur (Contos de fadas e Memórias de um burro, à cabeça);
Sophia: o primeiro foi a Menina do Mar... mas depois vieram quase todos os outros (adorei a árvore);
Alice Vieira... pricipalmente A lua não está à venda;
O Meu pé de laranja lima... chorei!
Sobrei da história dos meus pais...
José do telhado...
Eu queria usar calças...
Prometida...
E o inesqucível para as meninas da minha geração "A lua de Joana"...
Mais adiante... todos, todinhos os do Daniel Sampaio... E o Mundo da Droga e mais não sei quantos do género...
Depois outros... muitos outros... Até hoje... embora sinta o peso de ler cada vez mais de direito e menos de vida e sonho!
Bem, poderei ser uma das crianças e jovens que ali estão junto da "carrinha" da Biblioteca da GulbenKian ( aliás, o meu primeiro exercício neste post foi observar uma a uma para ver se me "via"... seria uma delícia).
Também frequentei uma biblioteca destas e é daquelas coisas de que ainda sinto o "cheiro" e consigo visulizar e viver todo o ritual que era para mim a espera da "carrinha", a entrada na mesma, o deleite da observação de "tantos livros", a escolha, o carinho de os levar, cúmplice, para casa..
Enfim, autêntico e real serviço público, cívico e ético .
E também as minhas fantasias e sonhos de criança adolescente, foram povoadas pelas mesmas "personagens" e autores ( afinal, a geração é a mesma, realmente).Lembro-me apenas de outros dois, não citados, mas certamente lidos : Sem Família, do Hector MaloT e a (inefável) Heidi da Johanna Spyire ( não sei se se escreve assim, o Spyire).
Tenho a noção ( sem estudo sociológico que a sustente, é claro ) que fomos uma geração dada á "leitura".
Bj.
C.(EN)
Ah...nessa altura também lia muitos Tios Patinhas,Patos Donalds, Huguinhos, Zézinhos, Luisinhos, Margaridas, Patas Magnólias (???)...
C. (EN)
E Magas Patalógicas too...
Que bom passar por aqui e notar tantas leituras comuns. Pois, no nosso tempo não havia muito mais para matar o tempo de Verão. E como nós o matámos bem.
Qualquer dia pego outra vez nestes velhos conhecidos.
Bem, foi giro. Obrigada a todos.
Só a Eva Negra partilhou comigo o milagre da biblioteca itinerante. Os outros as leituras.
Tive pena de o Gui não ter vindo.
Bj
Ó Armando esquci-me de ti. Também partilhaste a biblioteca itinerante. Aliás a mesma, mas isso era óbvio, dada a fraternidade e a idade de ambos.
Também partilhei P.M.
A minha era a n.º 22 e lembro-me bem do meu entusiamo e do meu irmão quando ela chegava (via-se da janela, mas ainda se demorava uns 5-10 minutos a pé a chegar lá, quando não havia uma bicicleta por perto) e ía com o devido cartãozinho trocar de livros.
As leituras eram também as mesmas (o que não será de espantar...).
Sublinho que "O Meu Pé de Laranja Lima" é o único livro em que, até hoje, chorei mesmo, que li várias vezes o "Coração" (ofereceram-me no Natal de 1971) e que nos "cinco" era a "Zé" (sem dúvida).
Beijos
F.S.
F.S. afinal já somos três os que partilhamos as bibliotecas itinerantes. gande alegria. Grande algazarra!!
Bjs
Querida D. não desanco em ninguém à conta dos livros. E, EU brilho quando quero (só a ti para eu dizer esta baboseira)...falem em quantos livros quiserem...eu, embora recorrente nos autores que aqui anuncio ( e não andam vocês sempre a cansar o Roth ?), tenho uma biblioteca (itinerante e fixa) imensa....não preciso de a partilhar inteiramente. Patinhas, Donald, Cinco, Sete, a Blyton toda, os Disney (em versão brasileira) tudo isso encheu a minha infância ( não o Kafka nem o Eça...esses apareceram na adolescência)... Um Bjo D. Gui
E por falar em algazarra Maré....espero igual algazarra (não só sobre livros, salvo seja, faz anos que não nos vemos cara a cara todos nós ou quase todos),no week end já falado.Bjo. Gui
Também eu espero algazarra e "palestras" pela noite dentro.
Bjs
Ora ssim se fala minha amiga. espero o mesmo. Bjs.
Bem haja quem teve a bendita ideia das bibliotecas itinerantes e bem haja quem delas tirou proveito. A ti (PM) felicito-te em particular. Posso testemunhar as horas sem fim que dedicaste à leitura e por isso hoje és uma "Grande Mulher". Continua que vais "Crescer ainda mais".
Bj.
TI...A
obrigada Ti...A.
Bj
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