domingo, 18 de maio de 2008

O poeta assassinado (1957-1995)




EM SINTRA

As águas maravilham-se entre os lábios
e a fala, rápidos
em Sintra espelhos surgem como pássaros,
a luz de que se erguem acontece às águas,
à flor da fala
divide os lábios e a ternura. Da linguagem
rebentam folhas duma cor incómoda, as de que
maravilhado de água surges entre
livros, algum crime, um
menino a dissolver-se ou dele os lábios e ergues
equívoca a luz depois. Rápidos
espelhos então cercam-te explodindo os pássaros.

Luís Miguel Nava
Películas (1979)
In Poesia Completa 1979-1994
Lisboa, Dom Quixote, 2002

1 comentário:

AugustoMaio disse...

Ceifado num tempo tão primeiro
Que só o vento o bebeu inteiro.

Em memória.