quinta-feira, 12 de junho de 2008

Ondeia (ode a Lisboa)



Tu que tens nome de cidade,
Ondeias nos meus cabelos,
na minha memória e na minha rouquidão
Conquistas o meu espaço sideral,
perto da lua, longe do beco mais triste de Alfama.
Tu serenas as minhas tempestades
e emprestas-me a voz quando eu dela padeço
Tu gritas-me um pregão de peixeira do mar alto,
em baixa de maré
Tu sussurras-me um segredo que todos sabem por ali
E penteias-me com a harpa feita de açucar pilé
As mais finas especiarias trazes-me no ventre
E entregas-me a chave da minha secura -
aquela que da minha sede se faz fome
e que da minha luz se faz breu
Tu musicas-me uma letra de um poeta furioso
E matas-me o tempo com umas horas a mais de sofreguidão

Em Lisboa, num santo canto alfacinha,
Apresentas-me a António, padroeiro do impossível
E bailas a noite toda com a impaciência dos amantes tardios
E com a paz da voraz sardinha...

Em Lisboa, por acaso, bem perto do limoeiro,
gastas-me os minutos a explicar recados de outros ventos,
bailados de outras eras,
recantos de outras pedras,
verdes de outras heras...

(ao som de "ONDEIA" da "minha" Dulce)

1 comentário:

Guilherme Salem disse...

A canção é muito bonita e bem cantada (mesmo pela vocalista transatlântica Dulce e seus esgares intercontinentais em contacto permanente com Bora Bora sem fios e sem tecnologia)...desculpa César não resisti à chalaça...mas tu sabes bem o que escrevo.