sexta-feira, 27 de junho de 2008

Uma glândula de tinta



Num Simpósio comemorativo do 80º aniversário de Karl Popper ocorrido em Viena entre 24 e 26 de Maio de 1983, no 1º dia dedicado à Ciência e Hipótese a determinada altura Sir Karl disse:
Cito-me a mim próprio: «Da amiba a Einstein é apenas um passo»
(...)
Os organismos mais ínfimos colocam permanentemente questões ao mundo e tentam, permanentemente, resolver problemas. Onde não há perguntas, as respostas não podem ser entendidas. As perguntas levam, naturalmente, com frequência à destruição do organismo.
Todos os organismos colocam e resolvem problemas continuamente; e por isso a ciência na realidade não é mais do que a continuação da actividade dos organismos inferiores. Existe uma grande diferença entre a amiba e Einstein, e essa diferença está em que Einstein defronta criticamente as soluções dos seus próprios problemas. E pode fazê-lo unicamente porque existe uma linguagem, uma linguagem humana, em que é possível formular as soluções dos nossos problemas. E desse modo transferimo-las para fora do nosso corpo. Como o fazemos com outros instrumentos que criámos. Em vez de deixarmos crescer uma glândula na extremidade dos dedos - uma glândula de tinta - para escrevermos, criámos uma caneta. É isto que distingue o homem dos animais.

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