Um dia, a Verdade andava a visitar os homens sem roupas
e sem adornos, tão nua como o seu nome.
E todos os que a viam viravam-lhe as costas de vergonha ou de medo
e ninguém lhe dava as boas vindas.
Assim a Verdade percorria os confins da Terra, rejeitada e desprezada.
Uma tarde, muito desolada e triste, encontrou a Parábola,
que passeava alegremente, num traje belo e muito colorido.
- Verdade, porque estás tão abatida? - perguntou a Parábola.
- Porque devo ser muito feia já que os homens tanto me evitam!
- Que disparate - riu a Parábola - não é por isso que os homens te evitam.
Toma, veste algumas das minhas roupas e vê o que acontece.
Então a Verdade pôs algumas das lindas roupas da Parábola e,
de repente, por toda a parte onde passava era bem vinda.
Então a Parábola disse-lhe:
- A verdade é que os homens não gostam de encarar a Verdade nua;
eles preferem-na disfarçada.
(Conto Judaico)
6 comentários:
Bonito, o conto..e como nós, todos os dias, tanto gostamos de "travestir" a verdade, as nossa verdades...é mais fácil.
Bj.
C(EN)
Obrigada Evita.
BJS
Passi-Flora:
Eu ja "mi passei"!..
Em resposta oa seu desafio fui ao seu blog para tentar responder ao ao tal do mosaico, mas enloirei mesmo!
Ainda me registei-me no Flyrc (nome de gato , bem sei!) mas nao sei q fazer, nem como o fazer.Pf ixplica!
Daí, vem o medo "da verdade nua e crua", em que sou um especialista.
Um beijo.
O conto é muito interessante. Suscitando o problema da verdade remete para a natureza/essência do homem.
Lembrou-me o "Górgias" de Platão, obra na qual filósofo fala, no epílogo, do Mito relativo ao julgamento e ao destino das almas.
Todos os homens serão julgados, por juízes, após a sua morte. Mas, contrariando a tradição, Platão, por intermédio de Zeus, impõe algumas condições para que o jugamento seja justo: 1. os homens devem ignorar a hora da sua morte e assim prepararem-se permanentemente para ela, isto é, vivendo uma vida virtuosa; 2. os homens devem despojar-se das suas vestes, aparências sensíveis enganadoras e apresentarem-se no dia do julgamento na sua total nudez.
É que as vestes e os ornamentos nada nos dizem acerca do valor da alma que os
transporta, "disfarçando" os seus "males" ou vícios. A autenticidade deve apresentar-se "nua".
Muito obrigada a todos pela vossa disponibilidade e simpatia.
BJs
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