quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Soneto da Saudade


Quem bate à minha porta não me busca.
Procura sempre aquele que não sou
e, vulto imóvel atrás de qualquer muro,
é meu sósia ou meu clone, em mim oculto.

Que saiba quem me busca e não me encontra:
sou aquele que está além de mim,
sombra que bebe o sol, angra e laguna
unidos na quimera do horizonte.

Sempre andei me buscando e não me achei:
E ao pôr-do-sol, enquanto espero a vinda
da luz perdida de uma estrela morta

Sinto saudades do que nunca fui,
do que deixei de ser, do que sonhei
e se escondeu de mim atrás da porta.

Lêdo Ivo, poeta e escritor.
Membro da Academia Brasileira de Letras.

5 comentários:

Anabela Magalhães disse...

Só tenho a dizer que é lindo.
Gostei de o ler.
Ah! Tenho um sorriso para si. Mas será entregue em mãos... assim o espero! Pensando bem... tenho dois sorrisos.
Depois darei novas.
Bjs

Anónimo disse...

Belíssimo o poema.
Da "nossa Sophia":

"Mais tarde será tarde e já é tarde
O tempo apaga tudo menos esse longo indelével rasto
Que o não vivido deixa".

Bj.
C(EN)

Passiflora Maré disse...

Cris (EN) estou dorida por não te poder fazer a vontade. No princípio do mês de Outubro vou ver-te nem que vá sozinha. Não me sinto à vontade dado o distanciamento que sinto, para impor qualquer data aos co-autores do blogue.
BJ e saudades.

Passiflora Maré disse...

Anabela gostei muito do sorriso e já o juntei aos outros sorrisos que os meus filhos já me fizeram merecer ao longo da vida.
Tenho a dizer-lhe, cautelosa que sou, que a Anabela é uma perita na arte de cativar!

Anónimo disse...

O.K., D.
Aguardo boas novas.

Bj.

C (EN)