O essencial é ter o vento.
Compra-o; compra-o depressa,
A qualquer preço.
Dá por ele um princípio, uma ideia,
Uma dúzia ou mesmo dúzia e meia
Dos teus melhores amigos, mas compra-o.
Outros, menos sagazes
E mais convencionais,
Te dirão que o preciso, o urgente,
É ser o jogador mais influente
Dum trust de petróleo ou de carvão.
Eu não:
O essencial é ter o vento.
E agora que o Outono se insinua
No cadáver das folhas
Que atapeta a rua
E o grande vento afina a voz
Para requiem do Verão,
A baixa é certa.
Compra-o; mas compra-o todo,
De modo
Que não fique sopro ou brisa
Nas mãos de um concorrente
Incompetente.
Reinaldo Ferreira , "Poemas" Livro I - Um Voo Cego a Nada
3 comentários:
Não quero pertencer a ninguém. Quero continuar a ser livre, a ter a liberdade de ir e voltar!
eu tenho um certo ar...
Um beijo
Ninguém tem ar de nada...no ar.
O ar é de todos e não se fica por ninguém.Desculpem....sempre achei que assim é. Nem ar, nem aspecto, nem nada...mesmo metafóricamente. Ou então tem-se ar (aspecto, carácter, personalidade, comportamento, pensamento) de algo definido.
Enviar um comentário