quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

A benefício de inventário


O relógio do novo tempo aproxima as nossas solidões e os nossos burburinhos.
Está quase chegado o minuto derradeiro de um ano de espanto, de dor, de pouca cor.
O som do silêncio pairou sobre as cidadelas.
Vi gente amada presa a um branco leito, espantando a morte,
decifrando olhares, reaprendendo a olhar.
As cegonhas partiram para parte incerta. Nunca cá estiveram, de facto.
Serei eu que as espanto?
As marés não chegaram a salgar-me,
o mar adentro que me colou às cinzas das algas
tocou-me ao de leve e nunca me molhou.
Senti suores, mal-olhados, frémitos, ocultos passos dentro de mim.
Pairei no fundo da alma,
encostei os olhos à lama dos tempos,
e chorei, chorei, chorei muito.
Hoje quero-me assim filho da desgraça -
o novo relógio parece-me igual, em forma e conteúdo,
o novo tempo tem já saudades do velho tempo,
aquele em que o balanço dos dias e das noites
não tem receio das tornas que tiver de dar aos herdeiros da alegria.

Amanhã é um novo dia. E um novo ano.
A noite fez-se para amar,
O tempo... faz-se para passar!

Bom ano (maior do que a soma dos seus dias).
Eu... vou com as aves!

3 comentários:

R. disse...

Meu querido amigo e todos os demais, amigos também: desejo-vos um ano de 2009 pleno de saúde, paz, alegria e amor. Um beijinho, da R.

Anabela Magalhães disse...

Excelente ano de 2009 para os três magnólicos e seus apêndices!:)
Beijinhos

Eu disse...

Desejo que o novo ano vos traga melhores dias, dias como pessoa como vós merecem... dias coloridos... uma casa cheia de gente... e mar que molhe e que salgue...
Tenho fé que algo de muito bom vos estaré reservado... só assim faz sentido o que têm vivido!!!
Beijinhos,

Eu (1), Eu (2) e Príncipe F.