Hoje, lembrei-me destes, particularmente, desta senhora, depois de ver um video no youtube.
Sinceramente, não me compadeço muito com estes destinos e opções.
Além de patéticos, transportam toda a cultura suburbana tão típica dos "Morangos" e quejandos...admira-me é que mais gente não termine assim.
Claro que tenho pena...mas não os choro.
Basta aqueles que a vida nos leva sem quererem ir (seja doença ou acidente...não quero falar em crime).
A Cândida voou e foi ser flor numa branca nuvem...pobre desgraçada. Triste Passagem.
E como ela...tantos antes e os que virão.....porque há muitos que se suicidam sem se matar...basta olhar as novelas juvenis da TVI....está tudo a suicidar-se sem saber...um caos.
E viva o Trocas e Baldrocas.....Deus a tenha em paz....coisa que nunca teve a triste.
Reproduzo texto do Saraiva (no tempo de Expresso)
PS: amanhã, ou depois, coloco pássaros, flores e praias, depois, talvez para a semana, volto aos nus...ou não.
Expresso - 21 de Julho
Marilyn à portuguesa
Inácio Rosa/Lusa
APRENDEU dança clássica.
Mais tarde, fez parte de um grupo musical com algumas pretensões: a Banda do Casaco.
Depois tornou-se menos exigente.
Incentivada, talvez, pelos empresários, enveredou por caminhos mais populares — seguindo o princípio de que é preciso aproveitar as festas das vilas e aldeias e isso não se compadece com pruridos de qualidade. Casou.
Alcançou a fama com «Trocas e Baldrocas», cantada num Festival da Canção.
Aceitou fazer umas poses mais ousadas para as revistas do coração — e, na sequência desse culto do corpo (e talvez inspirada em Jane Fonda), abriu um ginásio na linha de Sintra.
Fez várias operações plásticas.
Separou-se do marido e foi viver para um rés-do-chão em Massamá.
Aí se suicidou.
Há pessoas que têm a má sorte de tomar invariavelmente ao longo da vida as decisões erradas.
Cândida Branca Flor sonhou ser popular e cedeu demais na qualidade.
Casou com o seu agente artístico (ou fez do marido seu agente artístico, o que significa o mesmo) — e, com isso, ficou na contingência de perder ao mesmo tempo o marido e o agente.
Não construiu uma família: condescendeu em não ter filhos.
Como era filha única, também não tinha irmãos.
Quando morreu, não tinha ninguém: nem pais, nem irmãos, nem filhos, nem sobrinhos — só uma mãe adoptiva.
E, quando o declínio físico se tornou mais visível, ficou também sem agentes, sem amigos, sem contratos e sem dinheiro.
Encontraram-na — como Marilyn — morta em casa, ao lado de um frasco de comprimidos.
A solidão de Cândida Branca Flor não foi, entretanto, um problema só dela: é um problema desta sociedade.
O «Big Brother» ou a ilusão da Gata Borralheira
Sentem-no hoje homens e mulheres, novos e velhos, ricos e pobres.
Só que, para os que seguiram a «vida artística» — os que andaram de terra em terra a fazer espectáculos, que viram o rosto impresso em cartazes, que escutaram os aplausos do público, que experimentaram as luzes da ribalta, que foram adorados e endeusados —, a solidão custa mais.
Chegaram a ter tudo e perderam tudo.
Acreditaram na fidelidade do público e o público esqueceu-os.
Confiaram na sinceridade dos empresários e os empresários abandonaram-nos.
Pensaram ter garantido para sempre a fama, o dinheiro e os luxos — e tudo isso desapareceu ao mesmo tempo.
Do passado não ficou nada.
Será isto mesmo, numa escala diferente mas igualmente dolorosa, que acontecerá amanhã às estrelinhas do «Big Brother» — ironicamente chamadas «Big Estrelas».
Atingiram o estrelato de um dia para o outro — e serão esquecidas de um dia para o outro.
Quem, daqui a cinco anos, se lembrará do Zé Maria, do Marco e da Marta, da Susana e do Mário, da Carla e da Sónia?
Saíram das suas terras, mudaram brutalmente de vida — e agora dificilmente aceitarão o regresso à obscuridade.
Há quem pense que, apesar de tudo, valeu a pena.
Tiveram os seus quinze minutos de fama.
Por uma noite, as Gatas Borralheiras foram Cinderelas.
Eu julgo o contrário: era preferível nunca terem saído de Barrancos, de Portalegre ou de Peniche.
Cândida Branca Flor, no momento decisivo, terá sentido que a vida a usou impiedosamente: levou-a a acreditar numa ilusão e depois deixou-a cair.
Os concorrentes do «Big Brother» um dia pensarão o mesmo.
2 comentários:
Gostei do post.
Infelizmente pessoas como ela, e outras que andam aí a criar-se, vivem todos os seus sonhos fora da realidade e quando esta triunfa é medonha...
Aquele sorriso, Jonas!
Thanks, Passi..beijo
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