terça-feira, 2 de junho de 2009

Ninguém como nós conhece o sol


Sebastião Alba nasceu em Braga,em 1940.
Após viajar para Moçambique, passou a conviver com um importante grupo de escritores e intelectuais.
Foi jornalista, guerrilheiro político, e teve uma vida bastante agitada e cheia de desilusões, com passagens por prisões e hospitais psiquiátricos.
Alba passou o tempo a viver como andarilho, acabando por morar na rua e morrendo atropelado por um motorista em Braga, sua terra natal.


"A Poesia foi, para mim, corso: de quando em vez, fazia abordagens. Claro que trago comigo, como qualquer pirata que se preza, o mapa desse tesouro, onde ninguém o encontrará: na pala do olho direito — com o esquerdo, não sei porquê, vi sempre melhor."



Ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Podem utilizá-lo nos espelhos
apagar com ele
os barcos de papel dos nossos lagos
podem obrigá-lo a parar
à entrada das casas mais baixas
podem ainda fazer
com que a noite gravite
hoje do mesmo lado
Mas ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Até que o sol degole
o horizonte em que um a um
nos deitam
vendando-nos os olhos.


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