Arménio Vieira, Prémio Camões,- 2009
O tigre ignora a liberdade do salto
é como se uma mola o compelisse a pular.
Entre o cio e a cópula
o tigre não ama.
Ele busca a fêmea
como quem procura comida.
Sem tempo na alma
é no presente que o tigre existe.
Nenhuma voz lhe fala da morte.
O tigre, já velho, dorme e passa.
Ele é esquivo,
não há mãos que o tomem.
Não soa, porque não respira.
É menos que embrião
abaixo do ovo, infra-sémen.
Não tem forma, é
quase nada, parece morto.
Porém existe, por isso espera.
Epopeia, canção de amor,
epigrama, ode moderna, epitáfio,
Ele será
quando for tempo disso.
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