Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Mário de Andrade
7 comentários:
Welcome to the club!
O Tempo esse Grande Escultor....AH!! Yourcenar...
Meu César...de facto já deveremos ter vivido mais do que ainda temos para viver mas, deixa lá...temos um passado grandioso e um futuro desconhecido e isso é, também, Grandioso. Beijos e Abraços. Gui
Caros amigos, sou mexicano, gosto mito de poesia, faço documentarios ¿alguem pode me enviar o texto completo do valioso tempo dos maduros? gostaria muito de ter.
Rafael
rafael.rebollar@gmail.com
Hola! Soy de Argentina. Quisiera conocer la fuente, el origen, de estos pensamientos de Mario de Andrade. Está circulando por Internet una versión traducida al castellano, pero quisiera saber de dónde es el original.
Saúdos ao planeta. Eu son lUSÓFONO e gostaría do texto completo e orixinal (en brasileiro), de Mário de Andrade. Si é posible que alguén o colgue por aquí ou no lo envíe a minha caixa de mail (xosedeuca arroba gmail punto com). Xa que penso que perde bastante fermosura ao pasalo a espannnol ;-)
agradecería eternamente
bicos e apertas
(((EIQUÍ ESTÁ SENHORÍAS)))
O valioso tempo dos maduros
(Mário Andrade)
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui
para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas..
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam
poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir
assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar
da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo
de secretário geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,
minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,
muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com
triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua
mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
Há controvérsias a respeito da assinatura deste texto. Confira:
http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=92&sg=0&id=2297
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