quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Em Dezembro



Não conheço ofensas mas apenas opressores
não calco a dor dos outros mas cimento a minha
soletro a linguagem das chuvas negras de Novembro, recebendo-as com o melhor sorriso de Maio
Apalavro as minhas solidões e nelas despejo a cinza do meu último cigarro
E coro de prazer pelo som mais lindo do povoado
Desafio as evidências
E amarro ao tempo as cores do meu tinteiro
Eu sei que o tempo fez a sua obra
Deixou passar o breu pelas minhas vestes
calou o vento suão na minha face de homem incompleto
despiu-me de néon e lantejoulas
e feriu-me de morte, a mais fiel companheira da vida

Não sei por onde estou a caminhar
Só vejo fantasmas ignotos e acres -
o pó de palco que sinto no meu chão
é a opereta da tarde mais manhã de todas as que vivi até agora,
aquela que faz da noite companhia e da boémia um destino,
perto, tão perto da porta esquerda do meu sombrio coração...


Suite et FIN...

3 comentários:

Anónimo disse...

Gostei: quem escreveu?

César Paulo Salema disse...

César paulo Salema.

Anónimo disse...

César,
Passeio regularmente por aqui e poucas vezes deixo comentários mas leio-te sempre com admiração.
Belas fotos e textos excelentes.
Até breve.
F.