Sou a que no mundo anda perdida
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada, a dolorida...
Sombra de névoa tênue e esvaecida
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte;
Alma de luto sempre incompreendida!
Sou aquela que passa e ninguém vê.....
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...
Sou talvez a visão que Alguém sonhou
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
(Florbela Espanca)
3 comentários:
Florbela Espanca, a personificação exemplar, em forma de mulher, da simbiose entre paixão ardente, desejo intenso e profunda desilusão.
Esta coitada...viveu antes do tempo....muito deve ter sofrido esta mulher...amor irmão...(incesto?)...depressão, aliás maníaco-depressiva absoluta e deu-nos estes poemas todos belos e sentidos. pena que tenha acabado da maneira que acabou.
Enfim, certos amores, certas depressões não´almejam melhor sorte...Eu quero amar , amar perdidamente este, aquele, o outro e toda a gente...ninguém sobrevive a tal overdose de amor por dar. Deus a acalme e a tenha. (muitos anos sem nós, claro).
GS vc quase diria Florbela Espanca(da)...
Enviar um comentário