quarta-feira, 9 de dezembro de 2009


Sou a que no mundo anda perdida
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada, a dolorida...

Sombra de névoa tênue e esvaecida
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte;
Alma de luto sempre incompreendida!

Sou aquela que passa e ninguém vê.....
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

(Florbela Espanca)

3 comentários:

DI disse...

Florbela Espanca, a personificação exemplar, em forma de mulher, da simbiose entre paixão ardente, desejo intenso e profunda desilusão.

Guilherme Salem disse...

Esta coitada...viveu antes do tempo....muito deve ter sofrido esta mulher...amor irmão...(incesto?)...depressão, aliás maníaco-depressiva absoluta e deu-nos estes poemas todos belos e sentidos. pena que tenha acabado da maneira que acabou.
Enfim, certos amores, certas depressões não´almejam melhor sorte...Eu quero amar , amar perdidamente este, aquele, o outro e toda a gente...ninguém sobrevive a tal overdose de amor por dar. Deus a acalme e a tenha. (muitos anos sem nós, claro).

Anónimo disse...

GS vc quase diria Florbela Espanca(da)...