segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Em pessoa


No dia em que faleceu, em 1935, um dos maiores poetas do século XX e de sempre.

Era português, como Luís de Camões que quis superar..

Chamou-se de muitos nomes: Fernando Pessoa, Alberto Caeiro , Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Bernardo Soares, António Mora - entre os que designou de heterónimos e/ou pseudónimos, ao todo contam-se 72 nomes...

O que o levou a interrogar-se:

- Quem me dirá quem sou?

Constança


Foi para ti que criei as rosas.
Foi para ti que lhes dei perfume.
Para ti rasguei ribeiros
e dei às romãs a cor do lume


(Eugénio de Andrade)



No teu natal, nada mais, C., porque o resto é todo nosso e porque, um dia, eu sei, a dor vai desaparecer...

sábado, 28 de novembro de 2009

A rainha dos marretas

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Vigília




Olhar o rio que é de tempo e água
E recordar que o tempo é outro rio,
Saber que nos perdemos como o rio
E que os rostos passam como a água.

Sentir que a vigília é outro sono
Que sonha não sonhar e que a morte
Que teme a nossa carne é essa morte
De cada noite, que se chama sono.

Ver no dia ou até no ano um símbolo
Quer dos dias do homem quer dos anos,
Converter a perseguição dos anos
Numa música, um rumor e um símbolo,

Ver só na morte o sono, no ocaso
Um triste ouro, assim é a poesia
Que é imortal e pobre. A poesia
Volta como a aurora e o ocaso.

Jorge Luís Borges,lembrado hoje,em aguarelas de turner


Alice, meu espelho


Quem és tu? - pergunta a Lagarta, embora convide o corpo a encostar-se no silêncio em forma de cogumelo, enquanto desenha palavras de fumo.

Tal como apenas nos conseguimos ver mediatizados no espelho, em fotografias, através do outro, também só nos conseguimos descrever como ficção.

Pensamos em nós próprios como se fossemos outros: acariciamo-nos na pele de papel das fotografias, avistamo-nos no fantasma do espelho, vestimos o nosso corpo com palavras. Saímos para fora de nós.

Precisamos de acreditar que somos uma ficção, como se a nossa vida não chegasse ou não coubéssemos nela.

Temos uma história que contamos a nós próprios, simultaneamente narradores e ouvintes. Alguém me pode dizer quem sou eu?
mjf

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Mr. Bojangles









I knew a man Bojangles
And he danced for you
In worn out shoes
With silver hair, a ragged shirt
And baggy pants, the old soft shoe
He jumped so high, he jumped so high
Then he lightly touched down

I met him in a cell in New Orleans
I was down and out
He looked at me to be the eyes of age
As he spoke right out
He talked of life, he talked of life
He laughed, and slapped his leg a step

Mr. Bojangles, Mr. Bojangles
Mr. Bojangles, dance!

He said his name, Bojangles
then he danced a lick across the cell
He grabbed his pants
a better stance
Oh, he jumped up high
he clicked his heels
He let go a laugh, he let go a laugh
Shook back his clothes all around


He danced for those
At minstrel shows and county fairs
Throughout the south
He spoke with tears of 15 years
How his dog and he traveled about
His dog up and died, he up and died
After 20 years he still grieves

Mr. Bojangles, Mr. Bojangles
Mr. Bojangles, dance!

He said I dance now
At every chance in honky tonks
For drinks and tips
But most of the time
I spend behind these county bars
He said I drinks a bit

He shook his head
And as he shook his head
I heard someone respectfully ask
Please

Mr. Bojangles, Mr. Bojangles
Mr. Bojangles, dance!


Para o meu irmão J.D., para que nunca deixe de «dançar» com aquele brilho nos olhos e na alma...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Esoteria



Tenho mais que fazer que reler-me.
Reler-me custa. É pensar prisioneiro.
Nenhuma, cadeia nenhuma serve ao pensamento livre
E a cadeia que em nós pomos na cabeça
é a pior,
é a pior de todas.
Já alguém alguma vez viu no ar um pássaro voando com as suas próprias asas? não, isso é engano.
O pássaro que voa, voa ajudado pelo vento.
E faz de conta
que asas não tem.
O ar o ajuda? Talvez… o ar o ajuda…
Se o pássaro, porém, quiser voar
duas vezes:
não voa, não voa!, com as dele mesmo
asas.
Dele é e não é o voo que lhe pertence.
E irrepetível é o ar que o move.
Dentro de si circula.

Raul de Carvalho


(a partir do blogue insónia, do Henrique Fialho

Outonal


Vento de Outono, vento solitário,
Vento de noite,
Força obscura que se desprende
Do infinito e volta ao infinito,
Rodopia dentro de mim, conjura
Contra meu coração tua força,
Arranca de uma vez a casca
Do fruto que não madura.


Joan Vinyoli
(1914 – 1984)

Trad.: João Cabral de Mello Neto

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

XX anos de Convenção


Há o dia do antibiótico, do cão e da gripe.

E também se celebra hoje 20 anos de CONVENÇÃO DOS DIREITOS DA CRIANÇA.
Porque ela é rei...
Para que conste!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Saramagando



No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,
Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,
No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão,
decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.

José Saramago,

in "Os Poemas Possíveis

Amigário

Para valer?

A saque


Fase Culta


Evidência?

100 Pessoas apanham a gripe A e toda a gente quer usar uma máscara.
Um milhão de pessoas tem SIDA e ninguém quer usar um preservativo.

Vinho digital

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A poesia é verde


O meu link



Boa viagem com:


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Ode cinéfila


Lua duna


Tenho de repensar a minha vida,
disse-me, e acrescentou:
ser-se feliz é não ter esperança.
Lembrei-lhe o sol e o mar
que hoje vejo sozinho aqui na praia
e respondi não há quem viva assim,
ainda que a esperança não exista.
Mas vi-a olhar o céu,
dizendo que sorte é termos a Lua
- rege-nos as marés e o corpo -,
e que amava o seu rosto claro,
um espelho de luz na noite
onde se olhava já sem sonhos.
Nem suspeitou ser isso a esperança,
a lua e os espelhos sem mais nada,
a música que ouvíramos
e o mar além, atrás das dunas.

Nuno Dempster


in Dispersão
ed.Sempre-em-Pé, 2008

domingo, 15 de novembro de 2009

A última valsa



Amor,
recebeste uma intimação para a guerra e vais partir hoje.
Mesmo, contra o que sinto por ti.
Nesta última noite, a do nosso espanto,
dançarei contigo uma última ode,
corpo no corpo,
sílaba por sílaba,
até que voltes, são e salvo,
de novo ao encontro daquela nota de sonata,
daquele pedaço de céu de que nos vestimos,
do azul néon
de que vestiste o teu casaco
que me ficou, impávido,
na minha mão...