Paulo tinha fama de mentiroso.
Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões-da-independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias.
Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico.
A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias.
Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico.
Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
- Não há nada a fazer. Este menino é mesmo um caso de poesia.
- Não há nada a fazer. Este menino é mesmo um caso de poesia.
Carlos Drummond de Andrade, Contos Plausíveis
encontrado em http://barcosflores.blogspot.com, um igualmente caso de irremediável poesia - já está nas afinidades electivas da Magnólia)
4 comentários:
Que Bonito!
Belíssimo!
é no caminho que encontramos as borboletas
Gosto mesmo é dos dragões da independência...bela escolha
Enviar um comentário