quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Morreu mesmo?



A poesia MORREU, DIZEM.
Ou, ao menos, morreu em Portugal!

Em conversa recente em Lisboa com um amigo, editor e colega de academia, fui confrontado com essa realidade: o lugar da Poesia no panorama das artes literárias cessou de existir.
Não, não estou a falar de novos autores, estou a incluir TODOS, desde Camões a Pessoa, de Herberto Helder a Drummond de Andrade, de Sophia de Mello Breyner a Manuel Bandeira, de Ramos Rosa e Nuno Júdice a Florbela Espanca, etc etc.

A solução para os novos e "teimosos" autores está na chamada "edição de autor", o que implica um investimento mínimo da ordem dos 2500 euros (7000 reais). Ora se cada livro for vendido barato, a 5 euros (12 reais) por exemplo e o autor receba 40%, terá que vender qualquer coisa como 1250 livros apenas para cobrir o investimento inicial.

Ora, em 2009, apenas 2 autores, dos 1964 que publicaram, venderam 1250 livros ou mais, sendo Camões (Os Lusíadas) com 1250 unidades e Herberto Helder (Poesia Completa) com 1439 unidades, sendo este o grande campeão de vendas!!!!!!

Fiz um resumo do panorama das vendas de Poesia em 2009 em Portugal (TODAS as editoras, TODOS os autores):

a) 423 autores, ou 21,5% dos publicados, vendeu 1 exemplar!
b) 808 autores, ou 41,1% dos publicados, vendeu entre 2 e 10 unidades;
c) 1823 autores, ou 92,8% dos publicados, vendeu menos de 100 livros!

Tristeza!
E viva a cultura!!

colocado por Roger em http://guerrasantos.multiply.com/journal/item/310

2 comentários:

DI disse...

Quando um país não cultiva a educação, a cultura esbate-se e as artes e as letras são as primeiras a sofrer...
Isto é apenas os primeiros frutos da sementeira que se tem feito a nível da educação, sobretudo nos últimos anos e que vai colocar este país, a curto/médio prazo, entre os menos desenvolvidos, não só em termos culturais, mas em termos sociais e económicos.
Valha-nos a localização geográfica porque para América Latina, no seu pior, pouco nos falta... Basta olhar para a nossa classe política e não só! Uma pessoa nada pode fazer, mas como diz o povo, a união faz a força!

Anónimo disse...

Por favor P. não diga coisas tristes, Já basta o orçamento ....!
Faço-lhe um desafio escreva, escreva, escreva coisas belas que tenham cheiro, cor , movimento, alegria e por vezes sofrimento.
Sabe fazê-lo tão bem que vamos todos a correr comprar.
Sim, também anónimamente, ou não, vamos ao lançamento mesmo que não tenha tempo para nos dar autógtafos.
Sabe P. a mim sempre me ensinaram a nunca baixar os braços, a não desistir e a ser criativa mas infelizmente não tenho veia poética nem escrevo bem.
Mas ler é a minha perdição, devoro livros porque não dispenso o cheiro do papel e as minhas marcas pessois.
Como já reparou também nunca sei onde colocar as vírgulas e a C. não está aqui para me ajudar e corrigir os lapsos. Desculpe para apróxima vou tentar colocá-las nos sítios certos .
Viva a leitura!
Tenho nome de Flor