quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Desejos de um Ano Feliz


A benefício de inventário


O relógio do novo tempo aproxima as nossas solidões e os nossos burburinhos.
Está quase chegado o minuto derradeiro de um ano de espanto, de dor, de pouca cor.
O som do silêncio pairou sobre as cidadelas.
Vi gente amada presa a um branco leito, espantando a morte,
decifrando olhares, reaprendendo a olhar.
As cegonhas partiram para parte incerta. Nunca cá estiveram, de facto.
Serei eu que as espanto?
As marés não chegaram a salgar-me,
o mar adentro que me colou às cinzas das algas
tocou-me ao de leve e nunca me molhou.
Senti suores, mal-olhados, frémitos, ocultos passos dentro de mim.
Pairei no fundo da alma,
encostei os olhos à lama dos tempos,
e chorei, chorei, chorei muito.
Hoje quero-me assim filho da desgraça -
o novo relógio parece-me igual, em forma e conteúdo,
o novo tempo tem já saudades do velho tempo,
aquele em que o balanço dos dias e das noites
não tem receio das tornas que tiver de dar aos herdeiros da alegria.

Amanhã é um novo dia. E um novo ano.
A noite fez-se para amar,
O tempo... faz-se para passar!

Bom ano (maior do que a soma dos seus dias).
Eu... vou com as aves!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

As ondas do mar por conta própria


Tinha o vento contra a cara e as nuvens e as ondas do mar por conta própria. Sofria muito de amores e não havia amor que durasse que não magoasse. Jurava-me que um dia viria a não ser eu, sem saber o que dizia , sem antecipar a ilusão. Para me vingar de quem não gostava de mim, em primeiro lugar da minha mãe. E agora a dor de ser quem já não se queria, ultrapassada a irremediável distância que vai do desejo ao seu fim, sem mais nada poder adivinhar. Saudades de mim. De quem nunca fui.
Eu não queria. Eu nunca quis. Minto. Eu quis quando não sabia o que queria.

Pedro Paixão
Saudades de mim de Quase Gosto da Vida que Tenho

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

08-09





Dois ícones.
Um de 2008 - palma de ouro para "Leve Beijo" de Paulo Gonzo/Lúcia Moniz (cada vez a cantar melhor).
Um para 2009 - uma actriz para a eternidade - Kate Winslet (vão ouvir falar dela nos Globos e nos Oscares)

domingo, 28 de dezembro de 2008

A song from Australia



Kidman. Jackman. Luhrmann.
Um continente. Uma epopeia. Uma ideia. Um país. Uma raça. Uma cor.
Uma canção de Elton.
Porque sim...

A canção das Mães



Esta é a canção delas - sem fôlego, sem tempo para não ter tempo...

sábado, 27 de dezembro de 2008

Os meus títulos nunca têm pontos finais




Não te quero senão porque te quero
Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te, como um cego
Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero, porque te quero amor, a sangue e fogo.
(Pablo Neruda)

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Ponte de folhas de hera.


Vem hoje um cheiro tão bom lá de fora do mundo!
Um cheiro a esponsais de primavera
com deusas de astros na fronte
e enlaces de folhas de hera
no cabelo voado...
(Ah! se eu encontrasse a ponte
que vai para o outro lado!)
José Gomes Ferreira
Antologia Poética-5, Porto Editora, Porto, 1974

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Dia de Natal


quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Natal (em 24)






Que o Menino aí chegue bem...

Ao Menino Jesus da Minha Infância.



Descalço venho dos confins da infância,
E a minha infância ainda não morreu...
Em face e atrás de mim ainda há distância.
Ó Menino Jesus da minha infância,
Tudo o que tenho (e nada tenho!) é Teu!


(Pedro Homem de Mello)

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Natal (em 23)

Obrigado I.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Natal (em 22)


Poema de Natal


Vinicius de Moraes


Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte...

O Menino está quase a chegar...


À Rosa

domingo, 21 de dezembro de 2008

Inveja.pt


Os portugueses são uns invejosos, isso não é novidade, temos inveja da França porque a mulher do presidente é mais bonita que a do nosso, invejamos o governo italiano que tem uma ministra mais jeitosa do que a Milu, temos inveja do vizinho que compra um carro novo, do irmão que tem melhores notas na escola, dos professores antes de ter vindo a Milú dar cabo da "escola pública" e, como não podia deixar de ser, dos políticos bem sucedidos.

Se ser político já é defeito, ser político bem sucedido tanto na política como na vida empresarial é mesmo um pecado mortal. Como é que este país há-de sair da cepa torta se condenamos todos os casos de sucesso.

Jorge Coelho é um bom exemplo, chegou onde muitos nunca hão-de chegar por mais licenciaturas, mestrados, MB e doutoramentos que tirem, deveríamos estar todos orgulhosos de alguém ascender de uma penada ao topo do complexo mundo da gestão e até deveríamos dar graças a Deus por nunca mais o termos aturado nas televisões, e o que fazemos?

Ganimos de dor de corno, fazemos insinuações torpes, passamos a vida a dar asas à nossa inveja! Um filho do povo, nascido numa qualquer aldeia que só agora apareceu no mapa, estuda à noite, chega a secretário de Estado, toma conta dos dinheiros do partido que mais progresso trouxe ao país, limpa os arquivos do fisco com perdões fiscais mais simples do que o agora famoso Simplex, e o que fazemos?

Mandamos aquele que deveria ser tratado como herói para os desconfortáveis calabouços da Polícia Judiciária, em vez de andar a limpar as medalhas e comendas está a contar grades.

Então um país que anda há décadas à procura da rolha em vez de tomar o exemplo de sucesso do Oliveira e Costa, manda o homem para a prisão, ele que poderia explicar como se passa de teso a possuidor de uma fortuna de milhares de milhões? Não teria sido mais inteligente dar-lhe um programa como o do Marcelo Rebelo de Sousa para, em doses semanais, nos ir ensinando na arte do enriquecimento colectivo. Sempre era melhor do que ouvir as baboseiras do professor, ditas a uma velocidade quase alucinante.

E o coitado do Dias Loureiro? O homem vem revelar as conversas que teve com o António Marta e logo no dia seguinte o ex-dirigente do Banco de Portugal vem dizer que não é verdade, alguém imagina o Dias Loureiro a tentar influenciar a actuação do BdP, logo ele que é a coisinha mais transparente que este país já viu, tão sincero que foi o primeiro português a beneficiar de uma declaração de inocência proferida por um Presidente da República? Nem o Salazar teve tal comenda concedida pelo Carmona.

Ora, se Cavaco Silva diz que não tem razões para duvidar das palavras de Dias Loureiro porque razão andamos todos a tentar encalacrá-lo, porque há-de o MP incomodar-se chamando-o para prestar declarações como testemunha? Se Dias Loureiro não sabe nada de contabilidade, assinou sempre de cruz, o que terá ele para testemunhar? Somos mesmo um país de tansos, então não seria mais frutuoso que em vez de Dias Loureiro ter que andar a explicar a um qualquer procurador as coisas do deve e haver do BPN, nos viesse explicar como é que alguém tão honesto enriquece de forma meteórica, acabando de vez com o mito de que em Portugal os honestos nunca chegam a lado nenhum.

Este país resolvia todos os seus problemas se de uma vez por todas os honestos tivessem uma oportunidade na vida, como aquela que Deus deu a Dias Loureiro.

É tempo deste país deixar de sofrer de dor de corno, até porque na Europa não há nenhum corno, que saiba no mundo só há um, o Corno de África.


jumento.blogspot

Advento


O que é de facto significativo?

O filho que muitas vezes não limpa o quarto e fica a ver televisão significa que...
está em casa!
A desordem que tenho que limpar depois de uma festa significa que...
estivemos rodeados de familiares e amigos!
As roupas que estão apertadas, significa que...
tenho mais do que o suficiente para comer!
O trabalho que tenho em limpar a casa significa que...
tenho uma casa!
As queixas que escuto acerca do governo significa que...
tenho liberdade de expressão!
Não encontro estacionamento, significa que...
tenho carro!
Os gritos das crianças significam que...
posso ouvir!
O cansaço no final do dia significa que...
posso trabalhar!
O despertador que me acorda todas as manhãs significa que...
estou vivo!


"O VERDADEIRO AMOR NÃO É AQUELE QUE SE ALIMENTA DE CARINHO E BEIJOS, MAS SIM AQUELE QUE SUPORTA A RENÚNCIA E CONSEGUE VIVER NA SAUDADE"

Obrigado M., por me lembrar...

Colorir o Natal... e prata da casa









Colorir o Natal com Ideias de Maio




sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Dentro de mar tem rio

Simplesmente porque o mar que sentiu as minhas entranhas
estranhou o ser estar que brotava do rio mais fundo da tua Ásia Menor...
Correu para ti.
Vinha de mim, sem curar de saber direcção,
sem calar o pranto mais risonho que lhe tapava o sentido.
E foi ali, perto das tuas mãos,
que ele - ou ela - parou, estranho, exangue, espantado,
perguntando por nomes, por dias e noites, por rostos,
querendo chamar raiz a alguém,
querendo ver quem clama por si lado a lado.
Porque, afinal de contas,
dentro do rio
não pode haver mar...

À C.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Em Férias (não tarda)


Quando me levantei
já as minhas sandálias andavam
a passear lá fora na relva


Esta noite
até os atacadores dos sapatos
floriram


Jorge Sousa Braga
Gerês de Os pés Luminosos em O Poeta Nu

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sabiá com trevas



(IX)
O poema é antes de tudo um inutensílio.
Hora de iniciar algum
convém se vestir roupa de trapo.
Há quem se jogue debaixo de carro
nos primeiros instantes.
Faz bem uma janela aberta
uma veia aberta.
Pra mim é uma coisa que serve de nada o poema
enquanto vida houver.
Ninguém é pai de um poema sem morrer.

Manoel de Barros

Canto Terra



Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma cousa para trincar
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se,
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
pensar como quem anda,
E quando se vai morrer,
lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...

domingo, 14 de dezembro de 2008

Um só olhar...

Um bom olhar não precisa de legenda...

sábado, 13 de dezembro de 2008

Não Resisto


BAHHHHH....
Venha porrada.
Que Tontice e Imbecilidade vamos vivendo (CR, BPN, BPP, e mais o raio que os parta a todos)...Viva nós.

E..parte II






No words

Mar, mais Mar, Dor, Solidão I






Para que saibam que não morri.
As fotos não terão uma grande lógica entre elas...
mas gostei e, para variar do tema "black", achei que eram lindas.
Um beijo grande aos magnólicos e quejandos (ou seja: amigos..)
Até mais.
Gui

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O meu vestido cor de fogo


Andamos a mandar tantos emails que o nosso rato aqueceu demasiado ...
E QUEIMOU!

Verifiquemos aqui:

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Floral

Não há duas flores iguais,
mesmo na palma da tua mão...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O meu memorial de Dezembro

Declaração Universal dos Direitos do Homem - mil cores, um só estatuto

O meu epitáfio de Dezembro






Imagine there's no countries...

Lennon morreu ao som de uma translúcida e insana bala num dia 8 de Dezembro.
De um capítulo de um livro que ficou por ler, de uma letra de canção que ficou por compor.
Até...