segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Em pessoa
Constança
Foi para ti que lhes dei perfume.
Para ti rasguei ribeiros
e dei às romãs a cor do lume
(Eugénio de Andrade)
No teu natal, nada mais, C., porque o resto é todo nosso e porque, um dia, eu sei, a dor vai desaparecer...
sábado, 28 de novembro de 2009
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Vigília
E recordar que o tempo é outro rio,
Saber que nos perdemos como o rio
E que os rostos passam como a água.
Sentir que a vigília é outro sono
Que sonha não sonhar e que a morte
Que teme a nossa carne é essa morte
De cada noite, que se chama sono.
Ver no dia ou até no ano um símbolo
Quer dos dias do homem quer dos anos,
Converter a perseguição dos anos
Numa música, um rumor e um símbolo,
Ver só na morte o sono, no ocaso
Um triste ouro, assim é a poesia
Que é imortal e pobre. A poesia
Volta como a aurora e o ocaso.
Jorge Luís Borges,lembrado hoje,em aguarelas de turner
de-tempo-e-agua.html
Alice, meu espelho
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Mr. Bojangles
I knew a man Bojangles
And he danced for you
In worn out shoes
With silver hair, a ragged shirt
And baggy pants, the old soft shoe
He jumped so high, he jumped so high
Then he lightly touched down
I met him in a cell in New Orleans
I was down and out
He looked at me to be the eyes of age
As he spoke right out
He talked of life, he talked of life
He laughed, and slapped his leg a step
Mr. Bojangles, Mr. Bojangles
Mr. Bojangles, dance!
He said his name, Bojangles
then he danced a lick across the cell
He grabbed his pants
a better stance
Oh, he jumped up high
he clicked his heels
He let go a laugh, he let go a laugh
Shook back his clothes all around
He danced for those
At minstrel shows and county fairs
Throughout the south
He spoke with tears of 15 years
How his dog and he traveled about
His dog up and died, he up and died
After 20 years he still grieves
Mr. Bojangles, Mr. Bojangles
Mr. Bojangles, dance!
He said I dance now
At every chance in honky tonks
For drinks and tips
But most of the time
I spend behind these county bars
He said I drinks a bit
He shook his head
And as he shook his head
I heard someone respectfully ask
Please
Mr. Bojangles, Mr. Bojangles
Mr. Bojangles, dance!
Para o meu irmão J.D., para que nunca deixe de «dançar» com aquele brilho nos olhos e na alma...
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Esoteria
Tenho mais que fazer que reler-me.
Reler-me custa. É pensar prisioneiro.
Nenhuma, cadeia nenhuma serve ao pensamento livre
E a cadeia que em nós pomos na cabeça
é a pior,
é a pior de todas.
Já alguém alguma vez viu no ar um pássaro voando com as suas próprias asas? não, isso é engano.
O pássaro que voa, voa ajudado pelo vento.
E faz de conta
que asas não tem.
O ar o ajuda? Talvez… o ar o ajuda…
Se o pássaro, porém, quiser voar
duas vezes:
não voa, não voa!, com as dele mesmo
asas.
Dele é e não é o voo que lhe pertence.
E irrepetível é o ar que o move.
Dentro de si circula.
Raul de Carvalho
(a partir do blogue insónia, do Henrique Fialho
Outonal
Vento de noite,
Força obscura que se desprende
Do infinito e volta ao infinito,
Rodopia dentro de mim, conjura
Contra meu coração tua força,
Arranca de uma vez a casca
Do fruto que não madura.
Joan Vinyoli
(1914 – 1984)
Trad.: João Cabral de Mello Neto
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
XX anos de Convenção
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Saramagando
No coração da mina mais secreta,
José Saramago,
Evidência?
terça-feira, 17 de novembro de 2009
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Lua duna
disse-me, e acrescentou:
ser-se feliz é não ter esperança.
Lembrei-lhe o sol e o mar
que hoje vejo sozinho aqui na praia
e respondi não há quem viva assim,
ainda que a esperança não exista.
Mas vi-a olhar o céu,
dizendo que sorte é termos a Lua
- rege-nos as marés e o corpo -,
e que amava o seu rosto claro,
um espelho de luz na noite
onde se olhava já sem sonhos.
Nem suspeitou ser isso a esperança,
a lua e os espelhos sem mais nada,
a música que ouvíramos
e o mar além, atrás das dunas.
Nuno Dempster
ed.Sempre-em-Pé, 2008
domingo, 15 de novembro de 2009
A última valsa
Amor,
recebeste uma intimação para a guerra e vais partir hoje.
Mesmo, contra o que sinto por ti.
Nesta última noite, a do nosso espanto,
dançarei contigo uma última ode,
corpo no corpo,
sílaba por sílaba,
até que voltes, são e salvo,
de novo ao encontro daquela nota de sonata,
daquele pedaço de céu de que nos vestimos,
do azul néon
de que vestiste o teu casaco
que me ficou, impávido,
na minha mão...
A Casa de Juízo
excerto de poema em prosa de Oscar Wilde, traduzido por Fernando Pessoa e publicado na revista Egoísta, Número especial de Junho de 2008, dedicado a Fernando Pessoa.
O caos do Sonho
Estou deitado no sonho não
perturbes o caos que me constrói
Afasta a tua mão
das pálpebras molhadas
Debaixo delas passa
a água das imagens
Gastão Cruz, in "Órgão de Luzes"
Uma casa na colina
Por muito tempo amarei casas que existam apenas
para guardar uma bicicleta ou um remo de um bote.
As casas interessantes não têm pretensão nenhuma.
Estão perto de nós na hora necessária
mas a qualquer momento
com mais clareza
afastam-se das certezas que perdemos
e da imensidão que se avista de lá
Um velho provérbio diz:
Se deres um passo atrás, talvez te coloques a tempo
de uma estação clemente
in «O Viajante Sem Sono»
de
José Tolentino Mendonça
sábado, 14 de novembro de 2009
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Carta (sem endereço)
te fosse objecto breve aflorado,
como se da rua te chegasse
a certeza pequena para a compra
dos minutos seguintes.
como o sol, como a cigarra.
Como um silêncio cheio
que te viesse aos olhos de manhã
e amar-te fosse a roupa
escolhida ao começar o dia.
Pedro Tamen
De 8 e meio a NINE
Marion Cotillard as Luisa Contini
Penélope Cruz as Carla Albanese
Judi Dench as Lily
Stacy Ferguson as Saraghina
Kate Hudson as Stephanie Necrophuros
Nicole Kidman as Claudia Nardi
Sophia Loren as Mamma
terça-feira, 10 de novembro de 2009
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
domingo, 8 de novembro de 2009
No fim do mundo
o Inferno de Dante
onde o Diabo nos arde na sua fogueira
com os demónios todos juntos
mesmo assim quero ir contigo
vou contigo para o fim do mundo
para o fim da Terra
para o Céu ou o Inferno
vou contigo para a fogueira do Inferno
lá quero-me arder contigo
e ardemos os dois
ao mesmo tempo trespassados pela faca do amor.
António Gancho (1940-2006)
em
o ar da manhã
assírio & Alvim
1995
sábado, 7 de novembro de 2009
O reino das dez mil cores...
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Pandemia poética
agustina bessa-luís
dicionário imperfeito
guimarães editores
2008
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Convite
O Centro de Recursos em Conhecimento (CRC) do Instituto da Segurança Social, I.P., tem o prazer de convidar V. Exa. para a sessão de divulgação da obra "A Criança e a Família - Uma Questão de Direito(s): Visão prática dos principais institutos do Direito da Família e das crianças e jovens” da autoria dos Juízes Paulo Guerra e Helena Bolieiro.
A paisagem
parece escrito em pequenos caracteres, com tinta
mais ou menos pálida segundo os jogos de luz.
Do que está mais próximo, não usufruo mais
do que como de um quadro,
Do que está ainda mais próximo, do que como
de esculturas, ou arquiteturas,
A seguir, da própria realidade das coisas a meus pés,
como de alimentos, com uma sensação de verdadeira indigestão,
Até que finalmente em meu corpo tudo se engolfa e levanta vôo
pela cabeça, como que por chaminé que
desembocasse em pleno céu.
Francis Ponge