terça-feira, 29 de setembro de 2009
Memories
Nostalgia dos anos 80, é o que me está a dar...
Aqui fica este "Jump".
memories ... like the corner of my mind...
SE é para vir que venha
Vou soltar meu gado
vou deitar no pasto
vou roubar a cena
vou sorrir sem pena
Sem puxar as rédeas
sem seguir as regras
sem pesar ou ânsia
sem errar na dança
se é pra vir, que venha.
Tudo é colorido
mesmo o preto e o branco
quando eu pinto é lindo
e o meu traço e franco
Seja recta ou curva
seja esfera ou linha
vida é sempre certa
e eu não temo a minha.
Se é pra vir que venha
seja preto ou branco
Eu não temo a vida
nem seu contraponto
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
domingo, 27 de setembro de 2009
Despertar?
Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raíz
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raíz
Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações
Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!
José Gomes Ferreira
sábado, 26 de setembro de 2009
Para a Cons
Para quem tudo suporta sem queixume, para quem tudo aguenta com um sorriso.
Para alguém que ultrapassa o que de humano temos. Alguém muito, muito, muito mesmo ESPECIAL para a minha amiga Cons....que tudo volte depressa ao aparente normal. Um Beijo Grande., GUI.
Um casa de fadas para a Francisca
A Francisca fez 10 anos no dia 24.
Morou naquele dia numa casa de fadas e teve a visita do palhaço mais nobre do povoado.
A vela foi apagada e o nosso Amor por ela cimentado...
Os seus olhos de íris terna
tocaram os meus
e fez-se dia na minha noite.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Os respeitáveis (ainda em campanha)
C'est extra ton régime colombien
C'est extra de te tendre la main
Car tu me consumes et moi je succombe
C'est extra tes voleurs de hasard
C'est extra, je vis tard le soir
Ça me consume et toi tu succombes
C'est extra les fantômes qui te hantent
C'est extra, prisonnier de ton monde
Comme j'les comprends d'avoir peur de leur ombre
C'est extra!
Elle me dit oui
Je dis peut-être
Elle me fait non
Je lui réponds
Allez on entre et on se lance
Et on se détruit quand on y pense
L'amour c'est d'la folie
C'est toi l'extra et tu me manques
Je sais pourquoi j'avoue sans toi
L'amour c'est de la folie
C'est extra d'aller toujours de l'avant
Extra et même quand tu me mens
Je t'aurai bien demain ou avant
C'est extra de piger ci et là
C'est extra de s'en donner à coeur joie
De partout, toujours faire la loi
Quand elle dit oui
Je dis peut-être
(...)
Léo Ferré (faria hoje anos o poeta das cantatas francesas)
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
domingo, 20 de setembro de 2009
três coisas
A casa velha, um pássaro
E a noite pressentida
Não me largam os olhos,
Enchem o vão da porta.
Às vezes, tenho sorte:
Se as coisas não me largam
Uno-me bem, fingindo
Amá-las, e termino
Por violar as portas
E descer às raízes.
Percorro, então, aquilo
Como autor e senhor...
E, ao regressar, nos ombros
Nas mãos e no cabelo,
Venho coberto de oiro.
Como as abelhas loiras
De vencerem as flores.
Venho qual novo gama
Dos tesoiros da Índia.
Vale a pena, pois vale!
Mas aquelas três coisas
Não mostram as raízes:
Têm portas de ferro.
(É assim, muitas vezes)
E o seu tesoiro de oiro
Guardam-no lá bem fundo:
É só para os eleitos.
E eu fico nesta sombra,
Como rico sem nada,
Como novo Quixote
Ou como um rei sem reino.
O mar e as águias
Poesias de António Cabral
Etiquetas:
Poesia
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
O meu tempo (das cerejas felizes)
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa... Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade...
Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
Mário de Andrade
terça-feira, 15 de setembro de 2009
O valioso tempo dos maduros
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Mário de Andrade
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
A noite de todos os toques
O cabelo que descai e expulsa o gesto
E a lingua que humedece, eu não mereço
Estar de ti, da tua boca, perto assim
Aos meus olhos só teus olhos, pois o resto
Se mingua, desaparece, até me esqueço
Que teus olhos não estão mais a olhar para mim
Ia jurar que não fui eu quem deu um passo
Quem pegou na tua mão, quem num compasso
Declarou o seu amor, te fez sorrir
Ia jurar não fosse eu estar apavorado
Pelos lábios que se cruzam lado a lado
Pelo beijo que se torna a repetir
sábado, 12 de setembro de 2009
Encontro
Hesitámos por um momento
e pouco depois reconhecemos
que sofríamos da mesma doença.
Não existe definição
para esta maravilhosa tortura,
há quem lhe chame spleen
e quem fale em melancolia.
Mas se aceitamos o jogo
nas suas margens encontramos
um sinal inteligível
que pode dar sentido ao todo.
Eugenio Montale, "Poesia" (Diário Póstumo, 1969)
tradução de José Manuel de Vasconcelos,
Assírio & Alvim, Lisboa, Junho 2004
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Pena de Morte
Algo em que acredito cada vez que vejo este gajo. (claro que exagero....todos entendem, creio). Nem precisa falar...basta abrir o sorriso imbecil. E, se falar, basta aquele acento, aquela barriga sujeita a lipoaspiração (que o próprio deu a conhecer em revista cor de rosa), aquele ar de tonto e imbecil....a rtp vai ao fundo com gente desta...ainda farei uma lista....
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Desassossegadamente
"Hoje, como me oprimisse a sensação do corpo aquela angústia antiga que por vezes extravasa, não comi bem, nem bebi o costume, no restaurante, ou casa de pasto, em cuja sobreloja baseio a continuação da minha existência. E como, ao sair eu, o criado verificasse que a garrafa de vinho ficara em meio voltou-se para mim e disse: «Até logo, sr. Soares, e desejo as melhoras.»
Ao toque do clarim desta frase simples a minha alma aliviou-se como se num céu de nuvens o vento de repente as afastasse. E então reconheci o que nunca claramente reconhecera, que nestes criados de café e de restaurante, nos barbeiros, nos moços de frete das esquinas, eu tenho uma simpatia espontânea, natural, que não posso orgulhar-me de receber dos que privam comigo em maior intimidade, impropriamente dita…
A fraternidade tem subtilezas.
Uns governam o mundo, outros são o mundo. Entre um milionário americano, um César ou Napoleão, ou Lenine, e o chefe socialista da aldeia – não há diferença de qualidade mas apenas de quantidade. Abaixo estamos nós, os amorfos, o dramaturgo atabalhoado William Shakespeare, o mestre-escola John Milton, o vadio Dante Alighieri, o moço de fretes que me fez ontem o recado, ou o barbeiro que me conta anedotas, o criado que acaba de me fazer a fraternidade de me desejar aquelas melhoras, por eu não ter bebido senão metade do vinho.
Ao toque do clarim desta frase simples a minha alma aliviou-se como se num céu de nuvens o vento de repente as afastasse. E então reconheci o que nunca claramente reconhecera, que nestes criados de café e de restaurante, nos barbeiros, nos moços de frete das esquinas, eu tenho uma simpatia espontânea, natural, que não posso orgulhar-me de receber dos que privam comigo em maior intimidade, impropriamente dita…
A fraternidade tem subtilezas.
Uns governam o mundo, outros são o mundo. Entre um milionário americano, um César ou Napoleão, ou Lenine, e o chefe socialista da aldeia – não há diferença de qualidade mas apenas de quantidade. Abaixo estamos nós, os amorfos, o dramaturgo atabalhoado William Shakespeare, o mestre-escola John Milton, o vadio Dante Alighieri, o moço de fretes que me fez ontem o recado, ou o barbeiro que me conta anedotas, o criado que acaba de me fazer a fraternidade de me desejar aquelas melhoras, por eu não ter bebido senão metade do vinho.
Bernardo Soares,Livro do Desassossego (Pessoa 1888-1935)
sábado, 5 de setembro de 2009
Balouço
A cavalo no gonzo do mundo
um sonhador brincava ao sim e ao não
As chuvas de cores
emigravam para o país dos amores
Bandos de fores
Flores de sim ........Flores de não
Facas no ar
Que lhe rasgam as carnes
Formam uma ponte
Sim............Não
Cavalga o sonhador
Pássaros arlequins
cantam o sim......cantam o não
Gerardo Diego
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Eu sou a Francisca
paisagem linda com rochas, céu e muito mar.
obrigado tio por me teres deixado escrever no teu blog!
F.
obrigado tio por me teres deixado escrever no teu blog!
F.
Começar de novo...
... vai mesmo valer a pena?
O susto é grande. A saudade do outro foro ainda é forte.
Como será o novo caminho dos plátanos?
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
Adão
Cheio de espanto está junto à rosácea
na íngreme ascensão da catedral,
como que assombrado pela apoteose
que cresceu e de repente o pôs
acima deste e acima daquele.
E sobressai, alegre de durar,
com resolução simples; como o lavrador
que começou e não sabia como
do jardim perfeito e farto do Éden
acharia saída para a terra
nova. Difícil era Deus de convencer;
E, em vez de consentir, ameaçava-o
sempre de novo que havia de morrer.
Mas o homem teimava: há-de parir.
Rainer Maria Rilke
Poemas As Elegias de Duino e Sonetos a Orfeu
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Oração de Donzela
Os nossos sonhos são hermes de mármore
que pomos nos nossos templos
e iluminamos com as nossas grinaldas
e aquecemos com os nossos desejos.
Nossas palavras são bustos feitos de ouro
que levamos connosco para os dias,-
Os deuses vivos elevam-se
na frescura de outras praias.
Estamos sempre extenuados,
quer fortes, quer em repouso,
mas temos sempre sombras radiosas
que fazem os gestos eternos.
Rainer Maria Rilke, in Poemas As Elegias de Duino e Sonetos de Orfeu
Editorial: O Oiro do Dia
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